A Feira

Sobre a feira…

A secular Feira de São Pedro assume-se como a maior mostra agroindustrial e comercial da Região Oeste. O evento realiza-se anualmente no Parque Regional de Exposições, em Torres Vedras

Durante 11 dias, cerca de 260 mil visitantes passam por um espaço de recreação, comércio, animação, indústria e atividades socioculturais, visitando expositores de empresas da região, feirantes tradicionais e de artesanato.

Desde 2022 que a Feira de São Pedro apresenta concertos com bandas e artistas conhecidos do grande público, além dos habituais divertimentos, restaurantes, tasquinhas e outras estruturas de comida e bebida.

O evento tem vindo a integrar espaços como a Quinta de São Pedro, com animais de criadores do Concelho, e o Vinhos nas Linhas, que promove a degustação e venda de vinhos da região.

Uma mostra das potencialidades do concelho de Torres Vedras e da Região Oeste vocacionadas para o comércio, indústria, turismo e atividades socioculturais.

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Com uma história de cerca de 730 anos..

Falar do passado da Feira de São Pedro significa olhar para a carta de feira concedida por D, Dinis a Torres Vedras em 1293. A carta surgiu na sequência de um pedido da Rainha D. Beatriz, então senhora da vila de Torres Vedras.

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“Dom Denis, pela graça de Deus, Rey de Portugal e do Algarve. A quantos esta carta vyrem, faço saber. Saude. Eu mando fazer feerya na villa de Torres Vedras e que a comecem a fazer prymeiro dia de Mayo cada ano e dure ata primo dia de Junho.”Carta per que El Rey mandou fazer feeyra na villa de Torres Vedras

Esta feira realizava-se anualmente entre os dias 1 de maio e 1 de junho e, segundo Carlos Guardado da Silva, contava com “paz de feira” (proteção régia) durante dois dias (antes e depois) a quem lá fosse comprar e vender.

A “paz de feira” coibia vexames e represálias, garantindo alojamento e condições de armazenamento dos produtos e prometendo a redução ou isenção de taxas, atraindo, desta forma, mercadores para a feira.

Já em 1318, a nova carta de feira concedida por D. Dinis contemplou o alargamento deste privilégio para oito dias, alterando, ainda, a data de realização da feira para o período de 1 de junho a 1 de julho.

A primeira referência à Feira de São Pedro é de 1456, referindo-se à feira realizada em Dois Portos. Afinal, a Feira de Torres Vedras apenas viria a ser denominada de Feira de São Pedro a partir de 16 de agosto de 1521, quando D. Manuel transferiu a feira daquela localidade para Torres Vedras.

A decisão do monarca poderá relacionar-se com a necessidade de revitalização da feira que se realizava na então vila.

“No (…) campo situado ao norte da Villa, o denominado a Varzea da Feira, ou de N. Senhora do Ameal, se faz anualmente huma feira pelo S. Pedro, a qual he de grande concurso, mas não de giro comercial correspondente, porque são raras as vendas de gado e de cavalgaduras, e as mais geraes, importantes versão sobre objectos de capella, quinquilharia, e de loiça. (…) Talvez nenhuma feira tenha huma situação tão aprazível, e commoda (…)”Descripção Histórica e Económica da Villa e Termo de Torres Vedras

Assim escrevia Manuel Agostinho Madeira Torres na obra escrita em cerca de 1819 e editada em 1835. Já o Jornal de Torres Vedras, o primeiro jornal periódico torriense, dava conta da realização da Feira de São Pedro “na pitoresca alameda e explanada da Porta da Várzea” em 1885.

Carlos Guardado da Silva aponta para que a ligação ferroviária entre Torres Vedras e Lisboa, em dezembro de 1886, e o serviço de transporte de passageiros, em maio de 1887, tenham impulsionado a Feira.

“De a verem tão concorrida, como este anno, não se lembram os moradores mais antigos daqui. Desde o amanhecer até à noite foi incessante a romaria até ao local da feira (…)”publicou o Jornal de Torres Vedras, que avançou ainda que no Dia de São Pedro haviam chegado duas mil pessoas nos dois primeiros comboios.

A Feira de São Pedro no século XX

Em 1912, a Feira de São Pedro passou a ter uma duração de três dias. Seria na década de 1920 que se começaria a pensar numa nova organização do certame, com a existência de uma comissão encarregada pela Câmara Municipal de organizar uma planta da Porta da Várzea. No dia 6 de junho de 1923, o projeto de disposição da Feira de São Pedro foi apresentado e aprovado.

Com o 25 de Abril de 1974, o certame transformou-se profundamente, passando, no ano seguinte, a realizar-se ao longo de nove dias (de 28 de junho a 6 de julho). Coletividades, instituições e empresas do Concelho foram convidadas a participar no certame, o recinto foi alargado para sul e os participantes distribuídos por três pavilhões temáticos: turismo, regional e desportivo.

A par destas alterações, o evento passou a contar com um programa de animação que integrava, por exemplo, a atuação da Banda dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras.

Em 1976 o número de pavilhões aumentou e o recinto passou a incorporar mostras de gado, agricultura e literatura.

Nessa década, a importância do certame refletia-se na presença de um membro do Governo, pela primeira vez, na sua inauguração, através do então ministro da Administração Interna, Jaime Gama. Desde então, pela Feira de São Pedro já passaram o antigo Chefe de Estado António Ramalho Eanes, primeiros-Ministros como Mário Soares e António Costa e vários secretários de Estado.

Já no final da década de 1980, o auge do seu crescimento e o projeto em torno de uma zona verde para o norte do recinto (o atual Parque Verde da Várzea) levou a que se começasse a pensar na redefinição do espaço do evento. Em 1999, passou a realizar-se no Parque Regional de Exposições, onde continua a decorrer atualmente.

Um século de inovação

Desde então, a organização espacial da Feira de São Pedro tem sido alvo de alterações e inovações, que têm como objetivo proporcionar uma melhor experiência aos visitantes.

Em 2007 foi criada uma zona de esplanadas junto ao Pavilhão Multiusos, onde também passou a ser instalado um palco de animação. Mais tarde, em 2015, fruto da instalação do novo Terminal Rodoviário na Expotorres, a Feira apresentou uma nova disposição de alguns dos seus espaços, com a restauração a passar para junto do Pavilhão Multiusos.

A crescente importância da vinha e do vinho na região também foi alvo de reconhecimento pelo evento, que desde 2016 dinamiza o espaço “Vinho nas Linhas”, onde os visitantes podem degustar néctares da região de Lisboa.

A edição de 2022 viria a apresentar novidades significativas, com a introdução de grandes concertos no programa do evento, por onde passaram Carolina Deslandes, GNR e David Carreira. Nesse ano, a Feira de São Pedro contabilizou mais de 261 mil visitantes, a maior afluência registada desde 2000, ano em que começou a ser realizada a contagem de visitantes.